[RP FECHADA] O Híbrido Perdido

A última noite havia sido no mínimo desconfortante, após ter passado as dezesseis horas anteriores enfurnadas num bar, de alguma maneira acabei indo parar no meio do Bayou, onde vim a pegar no sono (ou entrar em coma, por assim dizer). Quando levantei, mal sabia que lugar era aquele, por alguma razão estava sem os calçados e com a camisa e calça completamente amarrotadas, o cabelo e a barba se mantinham completamente por fazer, tão desajustados quanto podiam.

O sol quente batia em meu rosto, deixando meus olhos semicerrados, olhei ao redor com dificuldade, avistando um pequeno conglomerado de água bem próximo de onde estava, o que não facilitava muito a localização, considerando que o Bayou era um pântano. Podia ouvir algumas aves por perto, contudo nenhum sinal de civilização, os Crescentes que normalmente dominavam o local também pareciam não estar vigiando, algo um tanto peculiar, considerando que eles cuidavam daquela terra como se fosse sagrada.

Fui em direção aquele espaço alagado, onde a água parecia ser limpa, ajoelhei-me na terra e fiz uma concha com as mãos, usando-a para refrescar a pele. A partir dali já fiquei mais sóbrio e um tanto quanto menos atordoado. Tornei a levantar, retirando aquela camisa cuja vida útil já tinha acabado a tempos, posteriormente arremessando-a no galho de uma árvore, agora só precisava esperar um milagre e encontrar o rumo de casa, ou melhor, do hotel em que ficara hospedado durante a estádia na cidade.

Foi então que sutilmente notei o barulho de passos, pareciam leves, talvez de uma mulher. Por precaução levantei a guarda, controlando a transformação na mão direita e iniciando o crescimento de pequenas garras. – É melhor se apresentar! Não quero ter que mata-lo, seja lá quem for. – Minhas íris automaticamente tornaram-se amareladas, com o fundo negro, ao melhor estilo Híbrido Furioso.

Aguardei com cautela a aparição daquele ser, sinceramente, mal podia esperar por um conflito, é o melhor jeito de se começar uma manhã, quem precisa de café?

Como eu pensei, uma mulher, contudo eu não havia sequer cogitado a possibilidade anteriormente dela ser simplesmente uma das irmãs de Niklaus Mikaelson, a pessoa que mais desejo matar em toda esta terra. Após passar tanto tempo junto do Híbrido Original, ou melhor, perseguindo o Híbrido Original, reconheceria um membro de sua família a quilômetros de distância, e com certeza a garota a frente era um deles. Seu rostinho meigo e imponente não deixava-me enganar, só poderia ser a famosa Bruxa, recém chegada aquela maldita mansão – Freya, estou correto ? Bom, sendo assim eu não possuo a menor chance, se as lendas sobre você forem de fato reais. – Sorri de modo conformado, abaixando completamente a guarda e retraindo as garras.

Meu histórico com a família Original era simplesmente o pior possível, entretanto, Freya Mikaelson ainda se mantinha uma completa desconhecida, já que nunca viemos a nos esbarrar diretamente. Fiquei encarando-a durante alguns segundos, sinceramente, aqueles olhos tênues até enganar-me-iam se tantos boatos sobre tais não circulassem por ai. – Costumam dizer que você é exatamente como o bastardo, isso é verdade? – Questionei-a de forma intimidante apesar de que provavelmente não estaria deixando-o sequer apreensiva.    

Mesmo quando ela se aproximou, sequer movi meu corpo, apenas cruzei os braços fazendo uma expressão séria, afinal, sabia que se minha hora houvesse chegado não havia nada que pudesse fazer para evitar, ou talvez simplesmente estivesse exagerando quando ao receio por aquela família. – Circundam boatos em algumas matilhas, que você consegue derrubar exércitos de vampiros sem sequer mover as mãos, e que poderia conter qualquer um dos seus irmãos sem se esforçar. – Ao dizer que não era nada como Niklaus, admito que senti-me um tanto quanto aliviado, seria horrível acordar e ter que me deparar com a versão feminina do meu inimigo, enfim, daria um vote de confiança a tal Freya.

Sendo um legitimo cavalheiro, independente da situação, recurvei-me num sinal de reverencia, até porque basicamente estava frente a frente com uma das criaturas mais antigas que existem nesse mundo. – Se me permite a apresentação, sou Sean Heatworth, e antecipadamente peço desculpas pela falta de roupas, não imaginei que receberia visitas logo aqui no Pântano. – Voltei a postura normal, e em seguida tentei arrumar aquele cabelo desregulado, para parecer mais “adulto”, e não um Lobo vagal qualquer.   

Apesar de ser apenas um gesto simbólico e encenado, o fato de conseguir reviver a flor com tanta maestria e facilidade já deixava mais do que claro que a mesma não deveria ser subestimada. Comecei a me aproximar dela, de um modo um tanto hostil, como se estivesse adentrando num novo território, velhos hábitos de Lobo. – No mundo em que vivemos, você é superior a qualquer Rainha, Freya Mikaelson. – Parei a cerca de trinta centímetros da Bruxa, o suficiente para conseguir sentir perfeitamente o aroma de seu sangue circulando, admito que era tentador ter uma presa daquele nível logo a minha frete, exceto que no momento, eu não era mais o predador.

Fiquei lisonjeado com sua pergunta, por não saber o que eu era eu deduzirá que ainda não me aparentava nem um pouco com um sanguessuga. – Não sou um Lobo sem matilha, como deve estar pensado, sou na verdade um Híbrido, entre Lobo e Vampiro. – Modestamente, após responde-la, tornei a sentar-me, frente aos seus pés, e sendo novamente educado, dirigi-lhe a seguinte frase. – Sugiro que se sente também, o Bayou é um ótimo lugar para espairecer, mesmo não sendo tão sofistico quanto você está acostumada. – As últimas palavras soaram um tanto irônicas, verdade seja dita, aquela mulher não deveria estar adapta aos meus costumes de rapaz selvagem.