Ponte Wickery

Bad Vampire

Um sorriso e uma expressão maliciosa tomaram conta de meu semblante com a pergunta da garota, eu então fui afastando-me aos poucos e virei de costas para ela, ignorando-a por um breve momento, enquanto pensava numa resposta adequada. – Bom, vou parar com joguinhos e direi somente a verdade a partir de agora, ou então não chegaremos a lugar algum. – Recitei num tom mais sério e elevado de voz, tornando a permanecer-me em silencio, para criar um clima de absoluto suspense.

Propositalmente fiz as veias ao redor de meus olhos começarem a se dilatar, e num instante, usando minha velocidade vampiresca, surgi frente a Layla encarando-a rispidamente. – Eu sou um tipo de monstro, e estou enfrentando um dilema moral. – Fui aproximando mais e mais, com o intuito de faze-la ver claramente meu rosto mudado, e as presas que escondia dentre os lábios fechados. – Por mais que eu tenha adorado conhece-la, meus instintos de predador gritam incessantemente para que eu me alimente do seu sangue, o que seria extremamente desagradável, e como eu disse antes, um total desperdício. – As frases ditas por mim continham um pouco de sinceridade, porém, no geral estava somente tentando assusta-la, vendo como reagia ao lado mais obscuro escondido dentro de mim, mesmo estando desejando provar o gosto de sua boca novamente.

Bad Vampire

Não pude deixar de evitar uma expressão de surpresa quando as mãos de Layla tocaram meu rosto, provando que mesmo que estivesse com medo, ainda permanecia bravia, tornando a deixar-me fascinado por suas ações. – Acredite, eu quero. – Respondi de forma curta e inflexível, aproximando minhas presas aos poucos de onde seria sua jugular. Já quase podia imaginar o gosto de seu sangue, porém, assim que toquei os lábios no pescoço dela, apenas o beijei delicadamente, levando-os posteriormente até sua boca e selando-a de forma gentil, esperando ser correspondido. – Mas não vou, não ainda. – Sussurrei completando a frase anterior.

Não restavam dúvidas, tive a oportunidade perfeita para por um fim nisso, mas não o fiz, o que significava que estava preso ao feitio curioso daquela jovem garota. Um outro velho amigo disse que em vários momentos de uma vida imortal você encontra pessoas que te fazem sair do tédio cotidiano, e que se eu fosse esperto, manteria essas pessoas o mais próximas possível. Acho que compreendo a mensagem que ele quis passar.

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Sem muito pensar, apenas deixei-me levar pelo momento, sendo envolvido pelas mãos de Layla em meu rosto enquanto iniciávamos um beijo intenso, diferente de todos que já havia provado durante estes anos na terra. Meus braços entrelaçaram-se em sua cintura, puxando-a contra o meu corpo e fazendo-nos ficar completamente ligados, aquecendo-nos com o calor um do outro.

Mordi seu lábio inferior pausando por um instante, ficando em silencio por certo tempo em seguida, apenas apreciando suas feições humanas. – Rouveront, é meu sobrenome. E caso esteja curiosa, possuo pouco mais de oitocentos anos. – Não via mais necessidade de esconder detalhes sobre mim, por isso, parecia-me adequado deixa-la ciente de algumas coisas. – E sim, eu mato pessoas com muita frequência. – Terminei dando um sorrisinho de canto, tão malicioso e convencido quanto de costume.

Ainda não estava exatamente claro para mim o porque dela não ter se afastado, contudo deixaria essa questão para ser resolvida mais tarde, ou senão todo o mistério acabaria e sobrariam somente dois seres entediados numa ponte vazia.

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Sua indiferença em relação ao meu “estilo de vida alternativo” fez-me sentir confortável na sua presença, geralmente quando exponho informações como essas, a tendência é que as pessoas corram desesperadas, com medo e agonia, às vezes, até repulsa. Porém Layla não demonstrou nenhuma dessas emoções, pelo contrário, continuou a provocar-me com seu sorrisinho sedutor, como se eu fosse apenas um ser humano igual a qualquer outro.

Deslizei meu polegar sobre sua bochecha, retribuindo ao sorriso e respondendo-a em seguida. – Está fora da lista, lhe garanto. – Disse enquanto tornava a fita-la, fascinado por aqueles olhos esverdeados. – Acho que estenderei minha estádia em Mystic Falls, por mais alguns anos. – Levei minhas mãos em direção as suas, entrelaçando nossos dedos meio a caricias. – Se estiver de acordo, é claro. – Finalizei arqueando as sobrancelhas num sinal interrogativo, já sabendo o que ela diria, mas apenas para poder ouvir de sua boca e inflar um pouco do meu ego.

Os planos originais é que ficasse somente alguns meses na cidade, entretanto, tendo este excelente incentivo, poderia criar um disfarce entre a população e permanecer por mais tempo, uma década talvez.

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Como já esperava, ela concordou com a ideia sem hesitar, passando a mão sobre meu peito enquanto me fazia uma pergunta um tanto insinuante, claramente influenciando a resposta que viria a seguir. Pensei um pouco sobre o assunto, poderia dizer a verdade e esclarecer que vagava de um hotel para o outro, ou que hipnotizava alguns moradores para me cederem suas casas e seu sangue, porém, parecia-me mais adequado uma pequena mentira, que provavelmente levaria a um final melhor. – Ainda não tenho um local onde me hospedar Srta. Boulevard. – Falei de cabisbaixo, propositalmente.

Com um sorrisinho convencido, fui erguendo o rosto aos poucos, continuando a dialogar. – E antes que me chame para sua residência, gostaria de esclarecer que é uma péssima ideia convidar um Vampiro para entrar... – Meus braços rapidamente tornaram a envolve-la, puxando seu corpo contra o meu. – Pois ai poderia facilmente entrar pela janela de seu quarto em horas inapropriadas, quem sabe quando estivesse saindo do banho. – Terminei mordendo seu lábio inferior meio a um beijo demorado.

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O sussurro foi a gota d’agua, não podia resistir a um pedido realizado com tamanha habilidade de sedução, e nem queria recusar. – Se você insiste tanto... Aceito. – Disse num tom de voz provocativo, enquanto apreciava seus lábios deslizando sobre meu pescoço.

Olhei para o céu e notei que já estava tarde, no pico da escuridão noturna, hora em que pessoas normais já deveriam estar dormindo a muito tempo. Como queria evitar de chamar atenção, principalmente agora que pretendia prolongar minha estadia na cidade, resolvi que era hora de esconder-me, sendo assim, propus. - Acho que seria um bom momento para apresentar-me seu lar, não quero ser visto aqui, podem pensar que sou um tipo de assassino psicótico fazendo mais uma vítima. – Dei um último selinho em sua boca, afastando-me vagarosamente. – Vai, estarei por perto, te seguindo. – Murmurei baixinho, e logo em seguida, desapareci, para aumentar o ar dramático.